Os apartamentos compactos, com áreas úteis de até 45 metros quadrados, estão conquistando um lugar de destaque no cenário imobiliário da cidade de São Paulo. De acordo com um levantamento realizado pela Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), essas unidades representaram 29,8% de todas as vendas imobiliárias na capital em 2022, refletindo um notável aumento de 11,9% em relação ao ano anterior¹. Mas quais são os fatores por trás desse crescimento e quais perspectivas se delineiam para os próximos anos?
Um dos principais impulsionadores da demanda por apartamentos compactos tem sido a mudança no perfil dos compradores. Cada vez mais, jovens solteiros ou casais sem filhos estão buscando a praticidade, mobilidade e localização privilegiada que essas unidades oferecem. Esses consumidores valorizam a qualidade de vida mais do que a dimensão do imóvel, optando por residir próximo ao trabalho, às opções de lazer e aos serviços essenciais do cotidiano. Ademais, eles estão fortemente conectados com as últimas tecnologias e tendências, como o conceito de home office, espaços de coworking e coliving.
Outro fator determinante para o aumento das vendas de apartamentos compactos é a disponibilidade de opções de crédito imobiliário mais acessíveis e diversificadas. Com a redução da taxa Selic para 2% ao ano em 2020², os juros associados aos financiamentos também diminuíram, tornando a conquista da casa própria mais viável. Além disso, surgiram novas modalidades de crédito, como o financiamento vinculado ao IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) e o financiamento com taxa fixa, ampliando as escolhas e a segurança para os compradores.
O mercado de apartamentos compactos tem testemunhado um crescimento na oferta nos últimos anos, impulsionado por incentivos legais e inovações por parte das incorporadoras. Um decreto de 2016 possibilitou que essas unidades de tamanho reduzido fossem categorizadas como “não residenciais”, o que viabilizou a construção de unidades adicionais sem encargos suplementares³. As incorporadoras também investiram em projetos arquitetônicos mais modernos e funcionais, com plantas inteligentes, espaços integrados e móveis planejados. Além disso, introduziram características diferenciadoras, como áreas comuns totalmente equipadas, serviços pay-per-use e comodidades tecnológicas.
Os bairros nobres das zonas sul e oeste da cidade, tais como Jardins, Pinheiros e Vila Mariana, concentram grande parte dos apartamentos compactos. Essas áreas oferecem infraestrutura completa, segurança e qualidade de vida para os moradores. Muitos desses empreendimentos estão estrategicamente localizados próximos a estações de metrô, trens e corredores de ônibus, facilitando o deslocamento na cidade. Outras regiões em destaque incluem Santana (zona norte) e Tatuapé (zona leste), que estão recebendo investimentos em urbanização e valorização.
As projeções para os próximos cinco anos indicam um cenário otimista para o segmento de apartamentos compactos. Segundo um estudo conduzido pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), essa categoria deve continuar crescendo acima da média do setor, com uma taxa de crescimento anual de 5% até 2027⁴. Espera-se uma ampliação da variedade de produtos oferecidos, de forma a atender a diversos públicos e necessidades. Além disso, há uma tendência de integração mais acentuada entre espaços residenciais e comerciais, culminando em ambientes mais dinâmicos e sustentáveis.